quarta-feira, 27 de junho de 2012

Educação: Falência educacional: complô ou lógica?


Falência educacional: complô ou lógica?

"Quem coloca seus filhos em escolas particulares (12% do total das matrículas da educação básica) comete um grave equívoco: acredita que essas escolas são boas apenas porque são melhores do que as escolas públicas. Assim, despreocupa-se da educação dos filhos e da qualidade da escola pública"

Quando se fala em educação no Brasil, algo não faz sentido. Todos exaltam o benefício da educação e apontam-na como a solução de nossos problemas. Todos parecem engajados em sua melhoria. Apesar desse consenso e da boa vontade, nossas escolas patinam, e sua qualidade só tem decaído. Para explicar essa curiosa dissonância, era comum ouvir, dez anos atrás, a ideia de que nosso fracasso na área se devia à falta de "vontade política" de nossos governantes, ou ainda ao complô das elites pela alienação do proletariado, ou, finalmente, às imposições do Fundo Monetário Internacional (FMI), que supostamente exigia o corte de gastos na educação em seus acordos com o país.

De lá para cá, os dotados de "vontade política" chegaram ao poder, as elites de antanho deram lugar à república dos sindicalistas e o Brasil já não precisa mais da tutela do FMI, ao qual não deve nada. Mas a melhora esperada não veio. O resultado do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2005 é mais baixo que o de 1995. Apesar disso, o discurso da área educacional continua o mesmo. Será que eles estão certos, e que há um complô tão poderoso a favor da nossa ignorância que nem os próprios atores da nossa tragédia percebem a sua insignificância? Estariam as "forças ocultas" de Jânio Quadros rondando novamente os palácios, de onde talvez jamais tenham saído? Ou será que nosso atraso é mais compreensível à luz de uma análise racional dos envolvidos na área, presumindo-se que eles agem de maneira lógica e maldosa? Creio que a segunda hipótese é a mais provável: nossa inércia é compreensível se entendemos a economia política dos grupos envolvidos.

Comecemos pelos alunos. Eles aprendem muito pouco, e são os maiores interessados em seu próprio sucesso acadêmico. Por que não protestam? Há, em primeiro lugar, a questão etária: não é possível imaginar que crianças de 10 ou 12 anos se mobilizem em passeata pública por um ensino de melhor qualidade. Quando os alunos se dão conta das deficiências do seu ensino, costuma já ser tarde demais, e a própria carência educacional dificulta a reclamação: é improvável que um semiletrado escreva um artigo cativante ou uma carta pungente ao seu congressista. Em segundo lugar, os alunos são condicionados pelo seu sistema de ensino a acreditar que o culpado pelo insucesso do aluno é ele mesmo. Nessa missão, seus mestres são extremamente efetivos: em pesquisa recente da Unesco, 82% dos alunos ouvidos dizem que, se o aluno não passa de ano, a culpa é sua, muito mais que da escola (mencionada por apenas 5%) ou dos professores (3,7%). Para piorar, os próprios pais culpam o filho pelo insucesso na escola: pesquisa publicada no livro A Escola Vista por Dentro indica que 63% dos pais da escola municipal e 54% dos da estadual culpam o filho por sua repetência. Cercados por esse mar de desconfiança e assolados pelo próprio desconhecimento, os alunos protestam mais com os pés que com a cabeça: quando entendem que a escola lhes consome muito tempo sem dar muito em troca, abandonam-na.

O FMI SE FOI
E as elites saíram do poder, agora ocupado por governantes com "vontade política", mas a esperada melhora da educação não veio

O próximo grupo de interessados pela educação é o dos pais dos alunos. Por que eles aceitam bovinamente uma péssima educação para seus filhos? Aqui devemos dividir esse universo em dois: há o grupo de classe média e alta, que coloca os filhos em escola particular, e o restante da população, que usa a escola pública.

Quem coloca seus filhos em escolas particulares (12% do total das matrículas da educação básica) comete um grave equívoco: acredita que essas escolas são boas apenas porque são melhores que as escolas públicas. Assim, despreocupa-se da educação dos filhos e da qualidade da escola pública. O problema é que a escola particular é também muito ruim – basta ver os resultados dos alunos de alto nível socioeconômico em testes internacionais como o Pisa, em que nossos alunos ricos têm desempenho pior que o dos alunos mais pobres dos países desenvolvidos. E o segundo problema é que, como a escola pública forma, via de regra, os professores da escola particular, enquanto não melhorarmos todo o sistema, não teremos educação de qualidade para ninguém. Mas os pais das escolas particulares não entendem isso; afastam-se da questão educacional por acreditar que essa problemática não os afeta.

Esperar-se-ia, porém, que os pais de alunos da escola pública (os outros 88% das matrículas) estivessem profundamente descontentes com a educação dos filhos e bradando por sua melhoria. Mas não estão: as pesquisas apontam que, pelo contrário, estão satisfeitos com a escola das crianças. Essa visão não é causada por preguiça ou desinteresse, mas por despreparo. Pesquisa do Inep mostrou que quase 60% dos pais do ensino público não completaram nem o ensino fundamental, 73% têm renda inferior a três salários mínimos, três quartos nunca ou raramente leem jornal. Pesquisas qualitativas mostram que esse pai compara a escola da sua época – em que faltava vaga, não havia merenda nem transporte – com a escola do filho. Vendo todas as benesses materiais que o filho recebe, associa-as a uma educação de boa qualidade. Reclama quando o professor falta à aula, mas é só. Se o pai acha a escola boa e o filho vai mal, então é natural que o pai culpe o filho e exima a escola, perpetuando o sistema roto.

Depois dos pais, temos os diretores escolares. Destes, segundo o MEC, 60% são indicados pelo Poder Executivo de sua cidade ou estado. Menos de 10% são concursados, outros 19,5% são eleitos. É provável que a maioria, indicada por políticos, não esteja disposta a bancar grandes revoluções em suas escolas, que poderiam levar à sua destituição – especialmente se prescrevessem aos seus professores as medidas impopulares que estão associadas ao melhor desempenho acadêmico, como uso constante de dever de casa, avaliação de alunos, redução do absenteísmo docente, uso intensivo de material didático e utilização do tempo de aula para tarefas expositivas, e não cópia do quadro-negro ou realização de exercícios. A maioria dos diretores é composta de ex-professores, o que reforça o corporativismo, e não há no Brasil instituições de ensino que preparem uma pessoa para o ofício de diretor escolar, de forma que mesmo os diretores bem-intencionados são frequentemente despreparados.

Vejamos o professor. Por que ele não produz uma educação de melhor qualidade? Em primeiro lugar, porque não consegue. O professor brasileiro tem uma péssima formação e não é preparado para encarar uma sala de aula do Brasil real, especialmente em áreas de vulnerabilidade social. Em segundo lugar, porque é tomado por um viés ideológico que torna o sucesso acadêmico insignificante. Em pesquisa da Unesco, só 8,9% dos professores indicaram "proporcionar conhecimentos básicos" como uma das finalidades importantes da educação. "Formar cidadãos conscientes" ficou com 72,2% das preferências. Confrontados com o seu fracasso, então, nossos professores têm duas respostas-padrão: ou culpam o aluno e seus pais, ou culpam a visão neoliberal e reducionista de quem reclama da escola que forma analfabetos, porque a educação "é muito mais do que isso".

Finalmente, chegamos à última peça dessa engrenagem, aquela que é paga e eleita para administrar o sistema e zelar pelo bem comum: os políticos. Se o político for desonesto, a educação será um ótimo lugar para tirar dinheiro: não só concentra uma parte grande do orçamento (no mínimo 25%) como ainda é cheia de transferências do governo federal. Tem uma grande vantagem: se o sujeito rouba da saúde e faltam remédios ou médicos, a população chia; se rouba dos transportes e faltam ônibus, os eleitores reclamam; se rouba da educação e os alunos não aprendem, ninguém se importa. Mas, mesmo que o político seja honesto e comprometido com o progresso da sua região, é confrontado com uma decisão indigesta: se ele quiser mesmo reformar seu sistema educacional, terá de parar de investir em merenda ou em prédios e investir na formação de diretores e professores, terá de cobrar o seu desempenho, terá de mobilizar pais e alunos, terá de remanejar professores e funcionários incompetentes. Tudo isso causa des-conforto. Se a experiência de estados reformistas na área, como São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais ou Sergipe, servir de exemplo, o descontentamento descambará em greve. Os professores são uma das categorias profissionais mais numerosas e vocais em suas reclamações. Os beneficiários dessas reformas mal sabem que têm um problema e, portanto, não reconhecerão a melhoria. Se tiverem de deixar de trabalhar para cuidar dos filhos sem aula por causa da greve, perigam ser contrários às reformas. O lógico, nesse caso, para os políticos, é fazer o quê? Exatamente: nada. Assim vamos ficando, ano a ano, mais ignorantes e despreparados.

Autor: Gustavo Ioschpe -Economista, especialista em educação - Acesso  em  27/06/2012. http://veja.abril.com.br/gustavo_ioschpe/index_180209.shtml

terça-feira, 19 de junho de 2012

Educação: Promoção da Cultura de Paz nas Escolas

Promoção da Cultura de Paz nas Escolas


Como  vimos  nas  ações,  projetos  e  sugestões  apontados  até  agora,  as  estratégias  das  escolas para enfrentar a violência variam de acordo com os problemas enfrentados em cada lugar. Esse é um ponto chave quando se pensa em ações de prevenção da violência: entender as dinâmicas de cada local, em vez de simplesmente replicar modelos, e então desenvolver ações relacionadas a essas dinâmicas.

Ainda que  a especificidade de  cada escola deva  ser  levada em  conta, há um eixo  comum que perpassa todos os pontos abordados na cartilha e diz respeito ao papel da escola na promoção  da  cultura  de  paz,  entendida  como  um  modo  de  pensar  e  agir  que  respeita  a diversidade,  o  diálogo  e  a  negociação  como  estratégias  para  a  resolução  dos  conflitos,  e que rejeita qualquer tipo de violência no ambiente escolar.

Considerar  estratégias  de  fortalecimento  da  cultura  de  paz  com  foco  na  juventude  é muito importante, pois muitas vezes o envolvimento dos jovens com a violência – mesmo  a  violência  letal  –  está  relacionado  a  uma  cultura  que  legitima  comportamentos, atitudes  e  valores,  reforçando  estigmas,  estimulando  a  intolerância  e  a  violência  como a  única  forma  de  se  adquirir  respeito  e  poder.  


Por  isso,  trabalhar  a  cultura  de  paz  e  as ações de desnaturalização da violência no ambiente escolar é essencial para promover o questionamento desses valores e atitudes e contribuir para a convivência segura.


Nesse sentido, vale destacar o papel dos educadores e de todos os atores escolares no estímulo à reflexão crítica, à adoção de comportamentos não violentos e à valorização da mediação de conflitos e do diálogo. 


Outro aspecto que merece atenção é a forma pela qual os jovens muitas vezes utilizam símbolos relacionados à violência para serem validados e respeitados perante seu grupo − e isso também pode e deve ser trabalhado dentro da escola. 


Um exemplo claro é a valorização e mesmo o porte de armas de fogo (mesmo que proibido por lei) no ambiente escolar. As armas carregam um valor simbólico muito forte na sociedade, especialmente no imaginário dos jovens, que as associam a poder, virilidade e defesa pessoal. 


Apesar de não figurar entre as principais ocorrências de violência nas escolas, a presença e o uso de armas no ambiente escolar devem ser trabalhados. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, as armas de fogo são a principal causa de morte entre jovens de 15 a 24 anos. 


Além do mais, quando as armas de fogo estão presentes em situações de briga e  desentendimentos,  aumentam  muito  a  sensação  de  insegurança  e  a  chance  de  esses conflitos terminarem em morte violenta.



Estratégias: 


• Desenvolver uma campanha de repúdio à violência e ao uso das armas por adolescentes e jovens.


• Desenvolver,  junto  com  os  alunos,  materiais  de  comunicação  sobre  o tema (filmes, cartazes, folders, spots para rádio, e outros) que possam ser disseminados para outros adolescentes e jovens.


• Mobilizar grupos de jovens para discussões e/ou outras dinâmicas (teatro, dança) que podem estar focadas, por exemplo, no uso da arma e na “cultura do machão”, promovendo a reflexão e o questionamento sobre a cultura da violência. Essas ações devem atrair tanto os jovens homens como as jovens mulheres, que acabam muitas vezes contribuindo para a valorização do “masculino, forte, que usa arma”.


• Realizar um pacto coletivo com os diversos atores (escolares e externos, como a polícia, os guardas e a segurança privada), estimulando a desvalorização de comportamentos violentos e da presença de armas na escola.


Fonte: Cartilhas Temáticas - Instituto Sou da Paz  http://www.soudapaz.org/Portals/0/Downloads/Cartilha01ESCOLA_VsFINAL.pdf


Educação: Importância da Participação da Família e da Comunidade Escolar

Importância da Participação da Família e da Comunidade 


A dificuldade na definição de limites, do papel e das responsabilidades da escola e da família na educação dos jovens compromete o diálogo e a aproximação dessas duas instituições. O que não se percebe é que ambas as instituições devem desempenhar papéis não antagônicos,  mas  interdependentes  e  complementares,  baseados  em  relações  de  respeito  e cooperação.  Essa  aproximação  pode  acabar  fortalecendo  ações  conjuntas  para  tratar  de problemas cotidianos.

Sugestões para criar ou fortalecer o vínculo com a família:


• Revisão  do  conceito  de  família  mediante  aceitação  pela  escola  de  outros  tipos  de configurações  familiares,  além das figuras materna e paterna.  Em muitos  casos,  avós, irmão/irmã mais velhos são os responsáveis pelos adolescentes.


• Adotar  estratégias  variadas  para  atrair  a  família  em  outras  atividades  na  escola,  também como forma de evitar que os pais ou responsáveis sejam chamados somente em situações negativas ou constrangedoras.


•Troca constante de informações sobre o andamento da vida escolar.



As condições sociais dos bairros onde as escolas estão localizadas afetam diretamente seu cotidiano,  as  relações  e  a  percepção  sobre  segurança  dos  membros  da  comunidade  escolar.  Em  muitos  territórios,  as  escolas  são  uma  das  poucas  instituições  públicas  de  lazer, cultura e ponto de encontro.


Por esse motivo, a unidade escolar torna-se referência e é procurada  diariamente  pelos  moradores,  em  sua  maioria  jovens.  Como  se  sabe,  essa  relação nem sempre é harmoniosa

Como já observado, muitas escolas que obtiveram sucesso na construção de um ambiente pacífico  optaram  por  se  aproximar  e  abrir  o  diálogo  com  os  moradores  do  entorno,  demonstrando que a escola deve ser valorizada como fundamental no processo de construção da cidadania.



Sugestões:

• Desenhar estratégias de aproximação com a comunidade privilegiando uma linguagem simples, de fácil entendimento, que promova a socialização e a convivência.


• Aproximar a escola da comunidade entendendo suas vulnerabilidades, limites e potencialidades.


•Promover atividades de que a comunidade possa participar e com a qual possa contribuir.

No Brasil inúmeras iniciativas de abertura da escola para a comunidade vêm demonstrando ser uma excelente estratégia para reduzir níveis de violência dentro e fora do espaço escolar.




Programa Escola Aberta
Foi  criado  com  base  na  constatação  feita  pela  UNESCO  de  que  os  índices  de  violência envolvendo jovens são maiores nos fins de semana. Assim, foi criado o Programa Abrindo Espaços que, mais tarde, foi assumido pelo Ministério da Educação, com a ampliação dos seus objetivos: além de promover espaços alternativos de lazer, educação, informação e cultura para os  jovens e  suas  comunidades, o programa  visa  construir  a  cultura da paz; integrar a escola e a comunidade; melhorar a qualidade da educação.


A  proposta  central  é  proporcionar  aos  alunos  e  às  suas  comunidades  espaços  alternativos para o desenvolvimento de atividades de cultura, esporte, lazer, geração de renda, formação para a cidadania e ações educativas complementares durante o fim de semana. Seu foco prioritário são os jovens.


As atividades são realizadas por meio de oficinas cujos temas são selecionados pela comunidade. As mais comuns são as oficinas de hip-hop, capoeira, futebol, artesanato, dança, entre outras. Em geral, os “oficineiros” responsáveis pelas atividades são talentos que residem na vizinhança. 


Dessa maneira, o programa Escola Aberta estreita as relações entre escola e comunidade e pretende reduzir a violência na comunidade escolar, promovendo o protagonismo juvenil. 
Leia mais:
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12367&Itemid=817



Programa Comunidade Presente
A proposta é sensibilizar e instrumentalizar assistentes técnicos pedagógicos (ATPs), diretores, professores, funcionários, pais e alunos, por meio de oficinas de capacitação, divulgação de cartilhas temáticas e apoio a projetos, para que as escolas sejam espaços de exercício de participação e de organização dessa comunidade. 
O grande mérito do programa é ser uma iniciativa articuladora, não só de outros projetos da  Secretaria  de  Educação  como  também  das  ações  que  a  própria  escola  já  realiza.  A metodologia proposta pelo programa é de tal forma flexível, que torna viável sua implementação em toda a rede. 


São estratégias do programa:


• Identificar ações de violência existentes no ambiente escolar (mapeamento), resgatando o que a escola tem feito para minimizar essas ações e propor outras mais eficazes.
• Desenvolver  estratégias  de  ação  que  promovam  a  socialização  e  a  convivência  por 
meio de atividades esportivas, culturais e de lazer.
• Implantar ações que a comunidade, juntamente com a escola, julgar necessárias..
Leia mais:
http://www.educacao.sp.gov.br/comunidade_presente/index.htm



Fonte: Cartilhas Temáticas - Instituto Sou da Paz  http://www.soudapaz.org/Portals/0/Downloads/Cartilha01ESCOLA_VsFINAL.pdf












Educação: Valorização dos Professores na Escola

Valorização dos Professores


Os relatos e reivindicações de professores/as da rede de pública de ensino tratam de uma rotina  de  trabalho marcada  por  carências  e  sobrecargas.  Por  um  lado,  citam  os  baixos  salários, as péssimas condições de infraestrutura, a falta de autonomia e apoio para o desenvolvimento de projetos e de formação para lidar com dificuldades do cotidiano escolar. Por outro, citam as salas de aula lotadas, sobrecarga de funções e trabalhos burocráticos.

A  combinação  dessas  condições  afeta  diretamente  sua  vida  pessoal  e,  obviamente,  suas relações  nas  unidades  escolares,  que,  como  vimos  nas  seções  anteriores,  nem  sempre  são harmoniosas.  


No  entanto,  segundo  pesquisa  da  UNESCO,  quando  construída  com  respeito, companheirismo e cumplicidade, essa relação deixa lembranças para o resto de suas vidas.


Assim como outros atores escolares, o docente é peça-chave na construção de um bom clima escolar. Desse modo, sua valorização deve estar pautada em ações capazes de gerar climas de satisfação profissional caracterizados por acolhimento, suporte e condições para desenvolver seu trabalho.



Estratégias:


  • Criar  mecanismos  e  canais  de  ampliação da participação dos professores nas decisões  das  escolas,  aproximando-os da direção e da equipe técnica.
  • Dar apoio psicológico por meio de parcerias  com  equipamentos  públicos  de saúde  e  entidades  profissionais  e  de ensino superior.
  • Dar maior  autonomia  para  o  desenvolvimento  de  projetos  específicos,  como, por exemplo, atividades extraclasse.
  • Dar oportunidade de formação continuada a fim de que o professor possa atualizar-se para enfrentar o cotidiano. 
  • Nos horários de trabalho pedagógico,  focar  a  formação em temas com os quais os docentes não estão familiarizados  e  que  podem  auxiliá-los  em conflitos  dentro  da  sala  de  aula,  como,  por exemplo, mediação de conflitos.
  • Estimular  a  aproximação  entre  professores e estudante


Fonte: Cartilhas Temáticas - Instituto Sou da Paz  http://www.soudapaz.org/Portals/0/Downloads/Cartilha01ESCOLA_VsFINAL.pdf






Educação: A Escola e os Estudantes em Liberdade Assistida

Estudantes em Liberdade Assistida


A liberdade assistida é uma medida socioeducativa que prevê a reinserção social de adolescentes e jovens que cometeram atos infracionais. Por lei, uma de suas atividades obrigatórias é frequentar as aulas em escolas públicas, com o acompanhamento de um orientador, que, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Lei 8.069/90), deve promover socialmente o adolescente e o jovem com sua família e a comunidade, supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar, agenciar sua formação profissional e sua inserção no mercado de trabalho, e apresentar relatório sobre o caso.

Os desafios são a integração e a participação desses adolescentes e jovens na vida escolar. Há dificuldades na relação cotidiana estabelecida com outros membros da escola. Muitas vezes, os estudantes em liberdade assistida são vistos como bandidos ou aqueles que vão minar as relações saudáveis e atrapalhar os outros alunos. Além disso, constata-se a ausência ou a dificuldade do acompanhamento por parte do orientador, a falta de conhecimento sobre as atribuições e responsabilidades desse jovem por parte dos docentes e da equipe técnica da escola e vice-versa.



Recomendações para que esses estudantes sejam inseridos no ambiente escolar:


• Descriminalizar  a  visão  que  se  tem  desses  estudantes  por  parte  dos  professores, da direção e dos próprios colegas, por meio da discussão nas escolas sobre liberdade assistida. 


• Capacitar os docentes e  a direção  sobre o papel de  cada  instituição pública na liberdade assistida e a aproximação com as autoridades públicas que trabalham diretamente com os jovens.


• Fomentar  a  participação  dos  estudantes  em  liberdade  assistida  nas  atividades de integração desenvolvidas pela escola, fazendo que ela seja parte da sua rede social e seja representativa em sua vida


• Estabelecer, nos órgãos competentes, um sistema eficaz de segunda chance aos jovens em liberdade assistida, para que frequentem programas compensatórios que lhes tragam esperança e incentivo.


Fonte: Cartilhas Temáticas - Instituto Sou da Paz  http://www.soudapaz.org/Portals/0/Downloads/Cartilha01ESCOLA_VsFINAL.pdf


Educação: Relação de convivência e sociabilidade na escola

Relação de convivência e  sociabilidade na escola


Relação entre os Jovens 
A convivência e a sociabilidade entre estudantes jovens são permeadas por relações conflituosas dos mais diversos tipos, que podem estar, de um lado, vinculadas a problemas graves como agressões verbais, físicas, humilhações (bullying e cyberbullying), discriminação e homofobia. 

Por outro lado, há maneiras de se relacionar típicas da adolescência/juventude que não podem ser vistas a priori como problemáticas. Em uma pesquisa coordenada por Miriam Abramovay (estudiosa da área) em escolas da rede pública do Distrito Federal, percebeu-se que algumas ações como a criação de apelidos, que assumem um tom de graça, acabam por criar laços de amizade e não  necessariamente potencializam atos violentos.


Cabe, portanto, aos atores escolares identificar as relações potencialmente capazes de tornar o ambiente mais propício a conflitos violentos e propor regras de convivência com a participação de todos, inclusive os jovens não matriculados na escola, mas frequentadores do seu espaço. 


Já  com  relação  às  brigas  e  xingamentos  entre  alunos,  deve-se  discutir  os  casos  abertamente, mostrando a possibilidade de resolução de conflitos por meio do diálogo e de técnicas específicas, como é o caso da mediação de conflitos.


Outra questão importante são os pequenos grupos formados por afinidades culturais, de gênero, etnia etc., parte inegável da construção de suas identidades e formas de se relacionar com o mundo. O que acontece em muitos casos são brigas entre esses grupos. A escola deve então promover a interação e a socialização entre os diversos grupos formados nas escolas, estimulando o respeito às diferenças.



Bullying: abuso ou constrangimento físico ou psicológico, intencional e repetitivo, sem motivação evidente, contra alguém que tem dificuldade de se defender. Um comportamento frequente de bullying nas escolas é o uso sistemático de apelidos humilhantes ou preconceituosos, xingamentos, desenhos, ofensas morais, verbais e sexuais no relacionamento entre alunos ou entre professores e alunos. 

Os pais podem contribuir para o surgimento dessa conduta quando são tolerantes ou permissivos em relação ao comportamento agressivo dos filhos, ou quando usam frequentemente o poder e a violência para 
controlar as crianças e os adolescentes. 

Cyberbullying: envio ou postagem de material nocivo ou participação em alguma forma de agressão social usando a internet ou outras tecnologias digitais.

Relação entre Estudantes e Professores


Segundo pesquisa coordenada por Miriam Abramovay, realizada em instituições escolares da  rede pública do Distrito  Federal, um  indicativo de bom  clima escolar  segundo osestudantes é a relação de afeição, confiança, amizade e respeito estabelecida entre eles e os professores.


Na  sala  de  aula,  há  situações  em  que  se  desenrolam  intricados  processos  de  negociação entre  alunos  e  professores  que  muitas  vezes  acabam  em  xingamentos,  desrespeito  e  até agressões.  Grande  parte  delas  encontra  sua  origem  nas  relações  de  poder  estabelecidas em sala de aula, marcadas pela diferença de papéis. 


O professor é uma autoridade e deve ser respeitada como tal. No entanto, ele não pode esquecer de seu papel, tornando-se promotor  de  violência,  como  vemos  em  casos  de  humilhações  de  alunos  ou  na  construção unilateral de regras de convivência na sala de aula, que apenas os alunos devem respeitar. Isso é um sintoma claro de perda de comunicação e diálogo entre as duas partes.



Portanto,  uma  das  primeiras  ações  para  se  obter  um  ambiente  harmonioso  é  criar  regras de convivência dentro da sala de aula pactuadas por todos, em que o limite e o papel de cada um é previamente estabelecido. Para assegurar que tais normas sejam cumpridas por todos, vale divulgá-las e, sempre que oportuno, resgatá-las.




Outra ação está na criação e/ou fortalecimento do Conselho de Classe. O Conselho reúne supervisores, orientadores, professores e alunos para discutir a aprendizagem, seus desempenhos e avaliações. No conselho de classe, mais do que saber se o aluno será aprovado ou não, objetiva-se  encontrar  os  pontos  de  dificuldade  tanto  do  aluno  quanto  da  própria  instituição de ensino. 


Dessa forma, busca-se a reformulação nas práticas escolares com base nas reflexões geradas  pela  discussão  em  conselho  de  classe.  Além  disso,  compartilham-se  informações  sobre a classe e sobre cada aluno para embasar a tomada de decisões e melhorar o processo de ensino-aprendizagem.





Fonte: Cartilhas Temáticas - Instituto Sou da Paz  http://www.soudapaz.org/Portals/0/Downloads/Cartilha01ESCOLA_VsFINAL.pdf






Educação: Valorização da Representatividade Estudantil

Valorização da Representatividade Estudantil 



A escola desempenha um papel marcante na história de vida dos jovens. No cotidiano escolar, uma multiplicidade de experiências é vivida e compartilhada entre os jovens e com professores, diretores e  funcionários.  Exerce  também uma  função  fundamental na  formação individual e social dos jovens, na construção de sua personalidade e identidade.

Como  parte  integrante  e  indissociável  desse  cotidiano  devemos  considerar  os  variados processos de conflitos e cooperação entre os jovens e destes com o mundo adulto. 

Estudantes e a Escola 

Em muitos casos, a frustração que o aluno estabelece com a escola está na não realização de  suas  expectativas  diante  daquilo  que  é  oferecido  pela  instituição,  tanto  no  que  se refere  aos  conteúdos  formais  como na maneira pela qual  suas opiniões  são  recebidas e tratadas pela diretoria, professores e funcionários. 

Sua vontade é ser protagonista, fazer ouvir  sua  voz  e  ter  espaços  para mostrar  e  desenvolver  suas  capacidades.  A  escola  preisa  levar  tais  desejos  e  sentimentos  em  consideração  e  oferecer  ao  aluno  diferentes oportunidades de realização. 

Muitas vezes esses embates significam um choque de interesses e visões. Observa-se, por exemplo,  uma  contradição  entre  o  que  professores  e  membros  da  direção  acham  que deve ser – ou o que é aceito socialmente – e a realidade, ou seja, os interesses dos estudantes e as suas maneiras de ser e se comportar, negando e proibindo, portanto, símbolos específicos dessa fase da vida. Um exemplo comum é a proibição de certos itens e formas de vestimenta típicos da juventude.

Uma das maneiras de enfrentar tais dificuldades é incentivar e valorizar a organização dos estudantes na escola, criando e/ou fortalecendo canais de participação como, por exemplo, grêmios estudantis.

O grêmio estudantil é a organização que representa os interesses dos estudantes na escola, permitindo que os alunos discutam, criem e fortaleçam inúmeras possibilidades de ação, tanto no próprio ambiente escolar como na comunidade. O grêmio é também um importante espaço de aprendizagem, cidadania, convivência, responsabilidade e de luta por direitos. 

Contribui para aumentar a participação dos estudantes nas atividades de sua escola, junto com pais, funcionários, professores, coordenadores e diretores – da programação à construção das regras dentro da escola.


Outro caminho para aproximar os jovens do universo escolar é criar instrumentos que considerem as trajetórias individuais dos alunos no planejamento de projetos pedagógicos  e  atividades  de  ensino-aprendizagem,  elaborando  oficinas  e  debates  sobre temas  de  interesse  dos  próprios  alunos  que  os  estimulem  a  pensar  como  um  grupo digno de ter suas opiniões respeitadas e levadas em consideração


Fonte: Cartilhas Temáticas - Instituto Sou da Paz  http://www.soudapaz.org/Portals/0/Downloads/Cartilha01ESCOLA_VsFINAL.pdf

Educação: Gestão Inovadora: Direção, Equipe Técnica e Funcionários


Gestão Inovadora: Direção, Equipe Técnica e Funcionários

No cotidiano das escolas é comum encontrar o diretor exercendo uma variedade de funções e papéis. Ao mesmo tempo em que é responsável por responder pelas obrigações de ordem administrativa, foca sua atenção nos conflitos existentes no âmbito escolar. 


Mas não cabe apenas ao diretor resolver todos os problemas que acontecem na escola, ser o único responsável por todos os conflitos estabelecidos na relação entre os atores ou apenas delegar para outros. Cabe à direção estar preparada para criar condições que atribuam a todos a corresponsabilidade de forma consciente, partilhada e solidária. 


A direção conta com uma equipe técnica e um corpo de funcionários para tratar de questões administrativas, burocráticas e mesmo de caráter relacional. Nesse ponto há outro problema, pois nem sempre eles estão capacitados para lidar e atender o público, como, por exemplo, os jovens e familiares. 


Os funcionários e a equipe técnica são vistos em muitos casos pela família, estudantes e comunidade como os responsáveis diretos pelo cumprimento das regras e normas. E, por esse motivo, é comum que os conflitos e tensões surjam dessa relação. 


Outro aspecto é a maneira como o diretor exerce sua autoridade na relação com professores, comunidade e estudantes. Em inúmeros relatos constata-se um distanciamento e uma falta de diálogo entre o corpo diretivo, de um lado, e alunos, comunidade e até professores, do outro. 


Para alguns estudantes, a diretoria não somente deixa de reconhecê-los como sujeitos de direitos, mas desrespeita suas representações e desconsidera suas percepções.  


A autoridade da direção só será legítima e respeitada se houver a participação de outros membros na construção da gestão escolar, nas regras e normas, conforme abordamos, incluindo no currículo escolar temas que desenvolvam competências para a vida social.






Estratégias:

• Disposição  do  diretor  para  assumir  um  papel  articulador  dos  diferentes  atores  do  espaço  escolar  (professores,  funcionários,  alunos, familiares e outros atores) de forma a mobilizá-los para a mudança de situações críticas e a construção de projetos coletivos.

• Estabelecer  mecanismos  de  aproximação  e  diálogo  entre  todos  os atores da comunidade escolar.

• Inserir no Projeto Político Pedagógico e Horário de Trabalho dos Professores temas como cultura de paz, prevenção da violência, mediação de conflitos e formas de combater discriminações.

•Oferecer  cursos  de  capacitação  específica  de  funcionários,  direção e  equipe  técnica  para  lidar  com  jovens  e  comunidade  com  foco  na resolução pacífica de conflitos e convivência escolar.

• A direção e a equipe técnica da escola devem criar condições para identificar os alunos com dificuldades de aprendizagem e de sociabilidade e intervir antes que os conflitos se concretizem.

Fonte: Cartilhas Temáticas - Instituto Sou da Paz  http://www.soudapaz.org/Portals/0/Downloads/Cartilha01ESCOLA_VsFINAL.pdf






Educação: Ressignificação do Uso do Espaço Escolar

Ressignificação do Uso do Espaço Escolar

Os atos de vandalismo, como depredações de carteiras e lousas, banheiros sujos e pichações figuram entre os principais problemas relatados pelas escolas, e são uma das causas de maior desperdício de recursos públicos destinados à educação. 


Equipamentos destruídos ou em mal estado no interior e no entorno da unidade escolar − como ponto de ônibus, iluminação e até faixa de pedestre mal conservada ou sem sinalização − afetam a segurança e o bem-estar das pessoas.


Mudanças nos ambientes físicos geram transformações de atitudes e comportamento: as pessoas passam a valorizar e também a cuidar do espaço contribuindo para sua conservação. 


As estratégias para promover a ressignificação do uso do espaço estão calcadas em uma proposta pedagógica que pretende recuperar ou construir entre os participantes da vida escolar o sentimento de pertencimento àquele local e, portanto, maior cuidado e proteção.



Estratégias:


• Realização de obras de infraestrutura e recuperação dos materiais  e  equipamentos  depredados  da  escola  com  participação de  estudantes,  familiares,  moradores  do  bairro,  funcionários  e professores.


• Solicitar aos órgãos públicos responsáveis a reforma dos equipamentos danificados.


• Negociar e propor regras conjuntas para utilização dos equipamentos escolares, como a quadra poliesportiva, entre estudantes na hora do intervalo e moradores no horário extra-aula. 


• Propor atividades entre jovens que valorizem expressões artísticas como grafite, muralismo e pinturas em lugar da pichação.



Fonte: Cartilhas Temáticas - Instituto Sou da Paz  http://www.soudapaz.org/Portals/0/Downloads/Cartilha01ESCOLA_VsFINAL.pdf








Educação: Escola e a Rede de Proteção Social

Escola e a Rede de Proteção Social


A escola não é uma instituição isolada, desconectada do contexto social na qual está inserida. Muitos dos problemas sociais presentes nas comunidades do entorno acabam, direta ou indiretamente, refletindo no cotidiano da vida escolar. Por esse motivo, ela não deve se ausentar de  sua  responsabilidade na  formação de  seus estudantes  também em  aspectos da vida social. Como ela não é capaz, por si só, de dar conta dessa variedade de demandas, deve integrar a rede de proteção social local para dividir responsabilidades e compartilhar formas de resolução de problemas comuns.

Estratégias:


• Mapear possíveis instituições parceiras, como equipamentos de  saúde,  assistência  social e educação, associações de bairro e religiosas, conselho tutelar, Ministério  Público,  ONGs,  Centros  de  Defesa  dos Direitos da Criança e do Adolescente.


• Conhecer  as  atribuições  legais  e  os  trabalhos  desenvolvidos  por  essas  instituições  para  que  a  responsabilidade  de  cada  uma  seja  devidamente  estabelecida e não haja sobreposição de funções.


• Convidar  as  instituições  parceiras  para  participar do planejamento das atividades da escola.


• Participar de reuniões e ações de fóruns locais, municipais e redes sociais





Policia e Guardas nas Escolas

A presença e a atuação das polícias e guardas municipais nas escolas não são um consenso entre a comunidade escolar. Para alguns, é a alternativa mais viável para os problemas de violência. Outros, ao contrário, criticam sua atuação, reconhecendo os limites dos agentes de segurança pública e valorizando a atuação do corpo escolar.  
Apesar  de  ser  uma  questão  delicada,  algumas  estratégias  e  recomendações  podem  ser adotadas  para  a  discussão  da  entrada  ou  não  dos  agentes  de  segurança  pública  no  ambiente escolar. Veja na página seguinte nossas dicas.



Dicas:


• Acionar  a  polícia  apenas  em  casos  de  crime  e  atos  qualificados  no  Código  Penal  (como  extorsão,  roubos,  furtos,  tráfico  de drogas,  porte  de  armas  etc.)  e  não  para  resolver  conflitos  dentro dos muros da escola. A  instituição educacional precisa  criar estratégias  pedagógicas  para  resolver  problemas  como  brigas, agressões e insultos, uma vez que esses conflitos podem ter sido gerados pela ausência de limites mais claros entre os direitos e deveres dos atores da comunidade escolar.


• Aproximar  policiais,  guardas  e  comunidade  escolar  em  discussões sobre temas pertinentes ao ambiente escolar, como cuidados  com  o  espaço,  atividades  de  lazer  e  cultura,  uso  de  drogas, procurando  desenvolver  ações  conjuntas  com  foco  na  prevenção da violência e na promoção da convivência.


• Contar com um policiamento preventivo e comunitário que iniba as violências nos arredores das escolas

Fonte: Cartilhas Temáticas - Instituto Sou da Paz  http://www.soudapaz.org/Portals/0/Downloads/Cartilha01ESCOLA_VsFINAL.pdf



















Educação: Estratégias de Prevenção das Violências nas Escolas


Estratégias de Prevenção das Violências nas Escolas

s  manifestações  de  violência  nas  escolas  diferem  de  uma  instituição  para  outra. As  estratégias  de  prevenção  da  violência  e  de  promoção  de  convivência  pacífica devem,  portanto,  ser  pensadas  para  cada  caso  específico,  de  acordo  com  a  realidade de cada escola. Entretanto, com base em pesquisas feitas em escolas das metrópoles brasileiras que obtiveram êxito em suas propostas, foi possível observar princípios comuns que nortearam as ações.


  1. Apoio e participação de todos os membros da comunidade escolar – direção e equipe técnica, funcionários, estudantes, professores, família e comunidade – na realização  do  diagnóstico  dos  problemas  da  escola,  no  planejamento,  na  execução  e  na avaliação das ações.
  2. Estratégias  baseadas  no  diálogo,  que  levam  em  conta  a  valorização  das  respostas coletivas e a divisão de responsabilidades entre todos os atores escolares. 


Estratégias de Prevenção das Violências nas Escolas Como fazer?

Com base nesses princípios, nas ações dentro e fora do Brasil e na dinâmica da vida escolar, indicamos a seguir temas e estratégias que podem contribuir para promover a convivência pacífica nas escolas. 

Construção Coletiva das Normas e Regras de Convivência Escolar

As  normas  e  regras  são  preceitos  fundamentais  para  o  convívio  social  em  qualquer  instituição  onde  pessoas  com  visões  e  perfis  distintos  se  relacionam.  Elas  tanto  podem  ser positivas  no  estabelecimento  de  uma  convivência  harmoniosa  quanto  desencadeadoras de situações violentas. 

Nas instituições escolares isso não é diferente: respeito aos horários, observância a regras de comportamento em sala de aula e no pátio, uso do espaço físico fora do horário de aula, entre outras, são questões que requerem um conjunto de regulamentos para que haja um melhor  aproveitamento  e  respeito  entre  todos.  

O  papel  desempenhado  pela  instituição escolar, suas normas, regras e esferas de poder influenciam diretamente a convivência e o clima estabelecido em seu ambiente. Ao não envolver representantes dos diferentes segmentos da comunidade escolar na discussão  e  na  concepção  dessas  normas,  elas  se  tornam  frágeis  e  acabam  sendo  descumpridas,  pois muitos  não  entendem  ou  não  veem  sentido  na  sua  existência.  Assim,  a  escola  perde  o  apoio  para  legitimar  e  fazer  valer  os  direitos  individuais  e  coletivos.  

O  vácuo deixado por essa perda gera disputas de poder entre direção e estudantes, professores e estudantes,  estudantes  e  estudantes,  funcionários  e  estudantes  e  até  entre  a  escola  e  os moradores do entorno.Para determinados desvios de conduta, será mesmo necessário utilizar sanções. No entanto, para que elas sejam legítimas, suas regras devem ser claras e transparentes e não devem excluir o diálogo entre as partes envolvidas.

Uma das formas de criar condições para que os representantes de todos os segmentos da comunidade escolar participem e se envolvam na construção de regras de convivência, são os mecanismos de gestão da própria escola como, por exemplo, o Conselho de Escola e a Associação de Pais e Mestres, ou a criação de outros fóruns participativos.




Dicas:


• Realizar as reuniões no espaço e horário mais favoráveis à participação.  


• Envolver e motivar  a participação de  todos os membros da  comunidade escolar  (familiares,  alunos, professores e funcionários),  dando  atenção  àqueles  que  estão  distantes ou indiferentes. 


• Estabelecer  as  diretrizes  da  escola  com  base  na  “economia  normativa”,  ou  seja,  manter  as  regras  que  são realmente indispensáveis, acompanhadas da discussão intensiva das normas com todos os atores relacionados ao ambiente escolar.


•Organizar  os  encontros  não  apenas  para  divulgar  informações,  mas  para  que  sejam  um  espaço  de  discussão  e troca de ideias, saberes e propostas. 


• Criar formas de disseminação dessas regras e normas entre toda a comunidade escolar.


Fonte: Cartilhas Temáticas - Instituto Sou da Paz  http://www.soudapaz.org/Portals/0/Downloads/Cartilha01ESCOLA_VsFINAL.pdf














Educação: Escola e Prevenção da Violência Entre Jovens


Escola e Prevenção da Violência Entre Jovens



escola é um local de sociabilidade e convivência entre diferentes. Em seu espaço, circulam e relacionam-se estudantes, funcionários, professores, membros da direção e moradores dos bairros do entorno, de origens social, econômica, cultural e faixa etária distintas. Na escola, também são construídos e compartilhados identidades, saberes e valores definidores da construção da cidadania e da vida em sociedade.

Como consequência do encontro de diferentes, observa-se o surgimento de antagonismos que, transformados em conflitos, podem ou não assumir formas violentas. E, nesse ponto, o que chama a atenção e preocupa os pesquisadores, autoridades públicas, organizações não governamentais e, principalmente, aqueles que convivem diretamente com esse fenômeno é o alto número de casos de violência ocorridos nas escolas brasileiras, que atingem todas as camadas sociais, sendo os jovens, sobretudo, as principais vítimas e protagonistas.

A  violência nas escolas está  associada  a múltiplos  fatores,  tanto  internos  (sistema de normas e regras, quebra dos pactos de convivência, desrespeito entre funcionários e alunos e vice-versa,  ausência  de  um  ensino mais  qualificado,  carência  de  recursos)  como  externos (agravamento  das  exclusões  sociais,  raciais  e  de  gênero,  perda  de  referencial  entre  os  jovens,  desestruturação  familiar).  

Por  isso,  as  alternativas  à  violência  instaurada  nas  escolas devem  envolver  diversas  estratégias  e  atores  responsáveis,  ainda  mais  porque  cada  instituição  convive  com  questões  e  dilemas  específicos  de  sua  própria  realidade.  Assim,  os caminhos  não  devem  se  apoiar  em  receitas  prontas  ou  em  uma  única  solução  capaz  de resolver todas as demandas.  

De  maneira  geral,  o  entendimento  do  problema  da  violência  nas  escolas  −  e  as  medidas propostas  para  enfrentá-lo  –  costuma  se  circunscrever  aos  casos  de  violência  física  e  delituosa,  como  furtos,  uso  de  drogas  e  porte  de  armas,  sem  considerar  todas  as  outras  dimensões  da  violência  que  acontecem  no  ambiente  escolar  e  têm  relação  direta  com  os casos mais graves. Outras situações, como a criação de normas e regras, as relações sociais estabelecidas entre os atores (aluno-aluno, aluno-professor, professor-professor, professor-direção, professor-família) e destes com o espaço, também interferem no cotidiano escolar e devem ser repensadas.


As respostas aos problemas tendem a se basear em estratégias exclusivamente reativas e repressivas,  como o  fechamento da escola,  a  instalação de  câmeras, detectores de metais e  outros  mecanismos  de  vigilância  e  controle,  além  da  solicitação,  algumas  vezes  desnecessária,  da  presença  policial.  Tais  medidas  raramente  se  mostram  eficazes  para  evitar  a ocorrência de novos delitos e não promovem mudanças na forma como as relações estão estabelecidas  no  espaço  escolar,  gerando  mais  conflitos  violentos  e  chocando-se  com  a concepção da escola: um espaço de todos, da democracia, da diversidade e da integração. 


Na discussão sobre violência nas escolas, é comum buscar um único responsável pelo problema e, portanto, por sua solução: a escola culpa a família, a família diz o mesmo da escola, que por sua vez aciona a polícia ou utiliza recursos repressivos e baseados na exclusão para resolver os conflitos violentos e os casos de indisciplina. Se a violência é um problema tão multifacetado, por que delegar sua solução a uma única instituição? E por que esperar que essa  solução  seja  pautada  somente  no  fortalecimento  do  controle  e  da  fiscalização,  sem considerar a construção de uma cultura e de valores que estimulem a convivência pacífica e democrática na escola? 

O fenômeno de violências nas escolas está associado a múltiplos fatores de ordem interna e externa.



Esta cartilha pretende contribuir para a reflexão sobre a relação entre escola e prevenção da violência entre jovens, acreditando que o espaço escolar é um lugar estratégico e privilegiado para se trabalhar na perspectiva da prevenção da violência. A escola pode ser palco de experiências de prática cidadã com enorme potencial para a formação de lideranças e a construção de formas pacíficas de relação social e de promoção dos direitos.
Para tanto, esta cartilha fornecerá subsídios conceituais e práticos que possam:

  1. abordar os principais conflitos e manifestações de violência existentes nas escolas,
  2. discutir as principais relações estabelecidas entre os diferentes atores escolares (instituição, estudantes, professores, direção e equipe técnica, funcionários, família e comunidade) e as responsabilidades no desenvolvimento de ações de prevenção da violência e convivência pacífica nas escolas,
  3. fazer recomendações e sugerir estratégias e experiências realizadas em comunidades marcadas por altos índices de violência, pautadas na resolução pacífica de conflitos, no diálogo e na participação.
Assim, esperamos que as sugestões e práticas descritas contribuam para gerar ações e projetos de prevenção da violência e promoção da convivência pacífica nas escolas.

Fonte: Cartilhas Temáticas - Instituto Sou da Paz  http://www.soudapaz.org/Portals/0/Downloads/Cartilha01ESCOLA_VsFINAL.pdf

















quinta-feira, 14 de junho de 2012

Educação: Violência na Escola e com a Escola

  Escola Estadual Elizabeth Mineiro: Alunos são assediados por traficantes e professores recebem ameaças de morte Escola é roubada pela 6ª vez Alunos e professores da Escola Estadual Elizabeth Mineiro estão reféns dos bandidos
Joab Barbalho
JARDEL PATRÍCIO ARRUDA
REPORTAGEM LOCAL

A ação de gangues tem assustado os funcionários da Escola Estadual Elizabeth Maria Bastos Mineiro, em
Várzea Grande. Com medo de se tornarem vítimas dos mesmos bandidos que já assaltaram a unidade escolar seis vezes somente neste ano, professores já estão desistindo de lecionar na escola.
Somente na última semana foram dois roubos. O primeiro 0correu durante o feriado de Corpus Christi (6), quando os bandidos levaram alguns computadores. Já o segundo foi na assaltos à escola foram registrados apenas nesta semana .  dessa vez, os criminosos levaram todos os equipamentos eletrônicos da escola. Durante as duas ações dos bandidos, o vigia manteve-se escondido ou trancado dentro de uma sala. Os ladrões chegaram a fazer ameaças de matá-lo caso ousasse interferir no roubo ou chamar a polícia. Contudo, os roubos são apenas um dos motivos de medo. De acordo com José Carlos, coordenador da escola, traficantes e membros de gangues têm invadido a escola, deliberadamente, durante os períodos de aula, não só para vender drogas, mas também para ameaçar alunos e professores. “Eles entram tanto de noite quanto de dia. Uma professora recebeu um bilhete dizendo que a hora dela vai chegar. Já temos professores que desistiram de dar aula no período da noite. Estamos todos com muito medo”.
Para solucionar o problema os 25 computadores foram levados  A Escola Estadual Elizabeth Mineiro está impossibilitada de funcionar administrativamente. A informação é do coordenador José Carlos. Ele explicou que, como os assaltantes levaram todos os 25 computadores da instituição, além das três impressoras, é impossível emitir transferências, atestados, declaração de bolsa-família e outros. Além dos computadores e impressoras, também foram roubadas duas caixas de som, vários grampeadores, e dois datashows.
Até mesmo as câmeras de segurança foram todas levadas. A escola provavelmente será incluída no programa Escola Segura, desenvolvido pela Seduc, Secretaria de Segurança Pública e pela Polícia Militar. A ideia deste programa surgiu devido às várias notícias e denúncias de crime dentro das escolas.  A atuação da PM nestes colégios deverá ocorrer em vários níveis. Desde o pedagógico, através de palestras educativas e desenvolvimento de projetos que envolvam os alunos,  até o preventivo, com a presença ostensiva de policiais. Escola ficou impedida de funcionar administrativamente, o servidor diz que a escola pleiteia, na Secretaria de Estado de Educação (Seduc), a implantação de uma segurança armada. “Não adianta comprar de volta tudo que foi roubado porque eles roubam de novo. Precisamos de segurança”. Eles também pedem o aumento do muro para três metros de altura, instalação de cerca farpada, grades nas janelas e reforço nos portões. Além disso, também foi solicitado à Seduc um novo transformador de energia, pois o atual não suporta que a iluminação completa do pátio seja acesa. “Se acendemos o refletor, tudo desliga”. Uma reunião foi marcada para segunda-feira (11) entre os funcionários da escola e comunidade para decidir se a unidade continuará funcionando sem a implantação dos itens de segurança.  Em decorrência do final de semana, não foi possível entrar em contato com a Seduc.

domingo, 10 de junho de 2012


Congresso de Educação Corporativa e Inovação da Anitec abre inscrições. CONITEC 2012 na Universidade Petrobras .


A Anitec promove nos dias 30 e 31 de julho na Universidade Petrobras o Congresso Nacional de Inovação, Trabalho e Educação Corporativa ( Conitec 2012) .  A parceria entre as duas instituições irá permitir que um evento relevante para o avanço da inovação nas organizações e da  educação corporativa se concretize.  Esse será um momento [...]
Fonte: http://anitec.org.br/